Em 1927. O cenário era a pequena cidade de Baltazar. Era precisamente o dia 30 de abril, o dia em que nasceria o filho do funcionário público Claudionor Santos e de Sebastiana Pereira dos Santos. No cartório registrava-se o nome do menino: JOSÉ SANTOS. De infância pobre, teve desde então os cuidados de sua prima-irmã, […]
Em 1927. O cenário era a pequena cidade de Baltazar. Era precisamente o dia 30 de abril, o dia em que nasceria o filho do funcionário público Claudionor Santos e de Sebastiana Pereira dos Santos. No cartório registrava-se o nome do menino: JOSÉ SANTOS. De infância pobre, teve desde então os cuidados de sua prima-irmã, Celina, que cuidou dele em virtude do precoce falecimento de sua mãe.
Dos tempos de garoto guardou boas recordações: das partidas de futebol, dos campinhos de várzea, dos banhos no rio que passava nos fundos de sua casa, e dos inúmeros amigos que angariou nos tempos de sala de aula no grupo escolar Teófilo de Melo. Amizades que, com orgulho, cultiva até os dias de hoje.
Na adolescência, começou a forjar o seu caráter com o trabalho duro na roça. Época de dificuldades onde procurava esquecer-se das horas dedicadas na árdua labuta preenchendo o tempo vago brincando nas festas populares e dançando nos animados bailes do “Tangerina”; local dos eventos sociais da cidade.
Já moço formado, trabalhou como “guarda-chaves” da antiga estação de ferro Leopoldina em Santo Antonio de Pádua onde, pensava ele, poderia chegar a ter um futuro tranqüilo como funcionário público. Não sabia o jovem rapaz que Deus o chamava não para “guardar chaves”, mas para abrir portas, para a pregação das Boas-Novas do reino de Deus onde quer que o Senhor o envie.
Era então o ano de 1948. Num culto realizado na casa de sua futura esposa irmã Maria Leal, José Santos creu em Jesus Cristo. Os amigos não acreditavam que, justamente ele, o animador das festas, o puxador da folia de reis, o amigo dos bares e da bebida fosse realmente levar esse caso de “virar crente” a sério. Fizeram apostas que ele não resistiria aos apelos da farra e da boêmia. Felizmente perderam. Na noite de 03 de novembro daquele ano o jovem José Santos depositava o pesado fardo de sua existência aos pés do Senhor Jesus. Nascia ali, um novo homem. A entrega foi total: no dia 13 de novembro de 1948 recebe o batismo no Espírito Santo. Não tardaria e no dia 02 de janeiro do ano seguinte, passaria pelas águas e tornar-se-ia membro da Igreja.
Entusiasmado com o calor espiritual dos que ali se reuniam para cultuar a Deus, o jovem José deixou-se envolver pelo trabalho do mestre. Os anos que se seguiram foram empregados na busca incansável dos meios, os melhores que fossem, de agradar a Cristo. Era preciso servi-lo com toda a integridade de coração e amplitude de espírito.
Em 29 de julho de 1950 o jovem José Santos une-se através dos sagrados laços matrimoniais a irmã Maria Leal, a bela flor que ele colheu na juventude e que no outono da vida permanece ao seu lado, dando testemunho de uma vida de dedicação e amor que teima em desabrochar por quase meio século.
Ainda nesta época, apoiado por sua esposa, passa a empregar sua vida no estudo e pregação da Palavra de Deus. Eram necessárias bases sólidas para a construção do grande edifício espiritual que iria surgir de suas mãos. Aonde o jovem crente chegava dava seu testemunho, e assim, pela intensidade de vezes que subiu ao púlpito e pregou em praças públicas, sua mensagem foi pouco a pouco se delineando, tomando feições amplas, tanto pelo conhecimento que adquiria, como pelo amor as almas e o evidente toque do Espírito.
O Ministério deste homem de Deus cresceu, se espraiou, ganhou ares nas pequenas cidades de Baltazar, Aperibé e Itaocara onde trabalhava como pregador itinerante e auxiliava as igrejas locais.
No mês de março de 1953 foi consagrado ao pastorado e comissionado pela Igreja de São Cristóvão a dirigir o trabalho missionário na cidade de Carangola.
Quem o observasse, talvez o confundisse com alguns dos inúmeros jovens que começavam a se envolver com o evangelho do reino sequioso de aventuras e de progresso. Aquele rapaz, no entanto, era diferente; entregara-se ao trabalho de levar a mensagem do evangelho pelo simples fato de crer que Deus o chamava para realizar um grande trabalho que envolveria toda sua vida.
Na cidade de Carangola o jovem Pastor permaneceu por 11 anos pastoreando a igreja e abrindo trabalhos em cidades vizinhas como Tombos, Pirapetinga e Divino de Carangola. Ali, juntamente com sua companheira, irmã Maria Leal Santos gastou o melhor de sua vida: seu amor, suas forças, seus talentos, seu ministério, alicerçando as estruturas das Assembléias de Deus naquela região numa época em que a perseguição contra os evangélicos no Brasil era muito severa.
Após este período, transferiu-se para a Igreja de Valença onde permaneceu por 01 ano e 03 meses. Em 1963, atendendo indicação da liderança de sua igreja, aceitou o convite para pastorear a Assembléia de Deus na Penha, na época congregação de São Cristóvão. O rebanho na Penha precisava de um Pastor. A igreja passava por um momento difícil e alguns pequenos grupos pensavam em dividir o trabalho. Sim, era preciso de alguém que pudesse “cuidar das feridas”, darem lenitivo aos cansados e unir um povo que estava vivendo sob a égide da divisão. A Igreja da Penha precisava de um pacificador.
o endereço da Rua Honório Bicalho, nº 88, o Pr. José Santos seguiu uma trajetória retilínea por 33 anos. Neste período a igreja experimentou um franco crescimento; multiplicando o número de seus membros, implantando congregações e espalhando seu raio de ação pelas regiões vizinhas. Além disso, seu trabalho era reconhecido pelas principais lideranças das Assembléias de Deus e o rapaz vindo da pequena cidade de Baltazar ocupava, cada vez mais, lugar de destaque no cenário do Movimento Pentecostal no Rio de Janeiro, exercendo importantes cargos na Convenção do Estado.